12 de mar. de 2013

Justiça

Cristiane Framartino Bezerra
Historiadora, escritora, angelóloga

Leio jornais e observo as redes sociais!
Percebo como é incrível a nossa necessidade de ter e de fazer justiça.
Temos sede dela.
Queremos sua aplicação severa, rigorosa, a tudo e a todos!
Mas que venha a ser branda, por favor, se o erro for nosso.
Aí pedimos clemência e comiseração.
Independente de questões religiosas, gosto muito das parábolas de Jesus.
Uma em especial, onde um homem, devedor de uma fortuna a um rico mercador e não tem como pagar, implora perdão.
Apela por seus filhos, por Deus, enfim.
O homem rico, tocado de compaixão, perdoa-lhe completamente toda a dívida.
Porém, aquele que tivera saldados os seus débitos encontra em seguida um quase mendigo que lhe devia uns poucos trocados e que implora por seu perdão.
Não o perdoa e é implacável, lançando-o na prisão por não ter como pagar o que lhe devia.
Os servos do mercador assistiram a tudo e correram a contar-lhe o que se passou.
Ele então determina que busquem o antigo devedor, lançando-o às grades, após vários açoites por sua atitude covarde e impiedosa!
Uma pena que isto não tenha permanecido como uma alegoria bíblica de tempos idos.
Inquieta minha alma saber quantos de nós temos agido assim a vida toda.
Normalmente, perdoamos os poderosos, distribuímos entradas gratuitas aos que podem pagar,
porque dá “status” entrar de graça em espetáculos e exploramos os mais necessitados.
Sempre tive os dois pés atrás com algumas questões “plantadas” por alguns e repetidas por muitos.
Não acredito que “onde há fumaça há fogo”, porque sei o quanto é ruim ser vítima de inverdades.
Não saio atirando a primeira pedra ou condenando a esmo quem quer que seja.
E fico bem triste por nosso arcaico sistema ou critério de democracia e liberdade.
Respeito tudo o que você disser, desde que seja o que eu quero ouvir e concordo.
Luto por igualdade e respeito às minhas escolhas, opções sexuais, convicções, mas persigo os que manifestam-se contrários a mim!
Estamos apenas tateando no escuro sobre o que é verdadeiro respeito e liberdade, então todos precisamos ceder um pouco.
Impor como verdade absoluta o que é NOSSA verdade de vida é tão triste como lançar à execração pública quem quer que seja, sem direito à defesa.
A turba enfurecida me assusta.
Ela não raciocina. Apenas repete o que uns poucos, muitas vezes bem pagos começam a gritar.
De repente, sem querer até, todos estão conclamando:
- Crucifica, crucifica, crucifica!

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