Eu, Morfyn Fyrddin, Conselheiro e Profeta do Rei
Sithric, de York, na Inglaterra, no ano Cristão de 926, recebi uma visão de
meus mestres espirituais, a qual devo passar aos homens dessa época para que
possam prevenir os acontecimentos catastróficos que podem cair sobre os povos
que ainda estão por nascer em um futuro ainda distante.
Vejo
que no século XVIII, também nestas terras, onde meu Senhor já não será mais o
Rei, o homem construirá grandes engenhocas em busca da riqueza, do lucro e do
aumento do número de uma mesma mercadoria. Os artesãos já não terão mais valor,
nem o homem do campo, nem o homem simples, nenhum homem. Surgirá uma nova
classe social, que será conhecida por burguesia, verdadeiros vampiros com sede
de moedas. A ganância pela moeda será chamada por todo o resto da eternidade de
capitalismo.
O
homem do campo abandonará sua casa e sua tranqüilidade e correrá para grandes
centros onde vive a riqueza e a opulência. Isso acha ele... mas o contrário
acontecerá: o campo será trocado pelo trabalho escravo em falsas celas sem
grades , sem perspectivas, sem volta. Suas casas, amplas e com vistas alegres,
serão trocadas por quartos em porões imundos e desconfortáveis, sem sequer um
local decente para lavar o rosto e as mãos. Viverão amontoados qual cobras nos
covis ou formigas em
formigueiros. Esta nova classe de homens será conhecida por
proletariado.
As
cidades engolirão o campo: crescerão rápida e intensamente. Serão feias e
negras, sombriamente envoltas em uma fumaça destruidora.
As mulheres não
fiarão em suas rocas. Haverá grandes e enormes máquinas de tecer e as doces
mulheres produzirão aos centos idênticas peças de roupas. As riquezas minerais
desta terra servirão para alimentar monstruosas máquinas, máquinas que andam e
transportam gente e grãos, que serão chamadas de locomotivas . Grandes gênios
da pintura já a teriam idealizado em seus sonhos futuristas.
Surgirão
construções imensas, tenebrosas e satânicas, chamadas de fábricas. Serão sujas,
abafadas e escuras. Abrigarão essas grandes máquinas e muitos homens, mulheres
e crianças, que trabalharão incansavelmente dias e noites aumentando cada vez
mais a produção de mercadorias para os senhores do poder e recebendo por seu
trabalho tão pouco, que até lhes parecerá esmolas. Como abelhas, não
descansarão. Não serão reconhecidos, nem beneficiados. Haverá muita humilhação,
tristeza, dor e pesar. As mães desejarão não terem parido, ao verem seus
rebentos aprisionados 18 horas por dia, completamente sós,
Por causa disso
os homens se unirão em grupos, que serão conhecidos até o fim dos tempos desta
humanidade por sindicatos, que tentará proteger esses trabalhadores de toda
essa miséria. Também haverá revoltas violentas, quando outros grupos invadirão
as fábricas e quebrarão suas máquinas monstruosas.
Nesse tempo, o
homem terá achado encontrar as soluções para os seus problemas, mas nada disso
será verdade: ainda que existam muitas fábricas, haverá desemprego e, havendo desemprego
milhares de pessoas passarão fome; as mulheres se prostituirão e os homens
terminarão seus dias nas sarjetas completamente alcoolizados.
Mas esta
tragédia não terá fim... o homem continuará sendo escravizado por máquinas
durante muitos séculos.
Vejo que no
Século XIX, esta catástrofe se espalhará por todos os rincões deste planeta. A
noite já não será mais iluminada pelas velas: a luz correrá por dentro de fios
. Máquinas que andam sobre trilhos levando homens e grãos se espalharam como
ervas no campo. Serão inventadas outras máquinas mais velozes que nossas
carruagens, que para andarem necessitarão de um líquido grosso e preto que
nasce na profundeza da terra e pelo qual os homens se matarão.
A ciência
avançará a passos largos e trará tantas e tantas descobertas que o homem
sentir-se-á fascinado por elas. As produções serão cada vez mais rápidas, os inventos e aparatos
modernos serão cada vez mais modernos...
haverá fascinação... haverá solidão... muitas novas doenças surgirão e
matarão os homens aos milhares.
Vejo ainda, mais
distante, no século XX, muitas fábricas reunidas em um mesmo local,
estrangeiros instalando-se em países onde a fome imperará. As máquinas desse
Século farão tudo praticamente sozinhas, aos montes, e a humanidade será
corrompida pela fome do ter e do poder.
Homens, mulheres
e crianças, muitas vezes separados por milhas e milhas, se comunicarão por
aparelhos estranhos. O trabalho será árduo e penoso. Poucos terão poder sobre a
moeda e muitos trabalharão para sobreviver e não viver! O trabalho não servirá
para engrandecer. O homem quererá construir o homem. Buscará ser deus!
Nesse Século
haverá um homem do bem, conhecido por Charles, que através de um invento mágico
contará a todo Planeta todas essas histórias, como eram os tempos modernos,
como ele intitulava.
E num tempo
muito mais distante do que podemos imaginar, muito além do Século XXI, os
homens andarão em máquinas voadoras, respirarão através de máscaras grosseiras
e rudes, terão cópias de si mesmos, uns
serão metade máquinas metade homens, outros apenas máquinas. O homem perderá a
sua essência por causa do que aconteceu nos idos de 1700. Não mais apreciarão
as verdes colinas, as florestas, o pôr do sol, os frutos das árvores e a beleza
dos animais. Nada disso existirá mais. O homem brutalizado e mecanizado não
mais será homem, mas máquina vivendo da máquina e para a máquina.
Aqui, eu, Morfyn Fyrddin, finalizo esta profecia. E se
me perguntares se não há nada de bom a relatar, digo-lhe que sim, no meio dessa
parafernália toda existem, também, muitas coisas boas... mas as profecias são
sempre assim... assustadoras.
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