28 de jan. de 2012

As Profecias de Morfyn Fyrddin

Maria Tagarela

Eu,  Morfyn Fyrddin, Conselheiro e Profeta do Rei Sithric, de York, na Inglaterra, no ano Cristão de 926, recebi uma visão de meus mestres espirituais, a qual devo passar aos homens dessa época para que possam prevenir os acontecimentos catastróficos que podem cair sobre os povos que ainda estão por nascer em um futuro ainda distante.
Vejo que no século XVIII, também nestas terras, onde meu Senhor já não será mais o Rei, o homem construirá grandes engenhocas em busca da riqueza, do lucro e do aumento do número de uma mesma mercadoria. Os artesãos já não terão mais valor, nem o homem do campo, nem o homem simples, nenhum homem. Surgirá uma nova classe social, que será conhecida por burguesia, verdadeiros vampiros com sede de moedas. A ganância pela moeda será chamada por todo o resto da eternidade de capitalismo.

O homem do campo abandonará sua casa e sua tranqüilidade e correrá para grandes centros onde vive a riqueza e a opulência. Isso acha ele... mas o contrário acontecerá: o campo será trocado pelo trabalho escravo em falsas celas sem grades , sem perspectivas, sem volta. Suas casas, amplas e com vistas alegres, serão trocadas por quartos em porões imundos e desconfortáveis, sem sequer um local decente para lavar o rosto e as mãos. Viverão amontoados qual cobras nos covis ou formigas em formigueiros. Esta nova classe de homens será conhecida por proletariado.

As cidades engolirão o campo: crescerão rápida e intensamente. Serão feias e negras, sombriamente envoltas em uma fumaça destruidora.

As mulheres não fiarão em suas rocas. Haverá grandes e enormes máquinas de tecer e as doces mulheres produzirão aos centos idênticas peças de roupas. As riquezas minerais desta terra servirão para alimentar monstruosas máquinas, máquinas que andam e transportam gente e grãos, que serão chamadas de locomotivas . Grandes gênios da pintura já a teriam idealizado em seus sonhos futuristas.

Surgirão construções imensas, tenebrosas e satânicas, chamadas de fábricas. Serão sujas, abafadas e escuras. Abrigarão essas grandes máquinas e muitos homens, mulheres e crianças, que trabalharão incansavelmente dias e noites aumentando cada vez mais a produção de mercadorias para os senhores do poder e recebendo por seu trabalho tão pouco, que até lhes parecerá esmolas. Como abelhas, não descansarão. Não serão reconhecidos, nem beneficiados. Haverá muita humilhação, tristeza, dor e pesar. As mães desejarão não terem parido, ao verem seus rebentos aprisionados 18 horas por dia, completamente sós,

Por causa disso os homens se unirão em grupos, que serão conhecidos até o fim dos tempos desta humanidade por sindicatos, que tentará proteger esses trabalhadores de toda essa miséria. Também haverá revoltas violentas, quando outros grupos invadirão as fábricas e quebrarão suas máquinas monstruosas.

Nesse tempo, o homem terá achado encontrar as soluções para os seus problemas, mas nada disso será verdade: ainda que existam muitas fábricas, haverá desemprego e, havendo desemprego milhares de pessoas passarão fome; as mulheres se prostituirão e os homens terminarão seus dias nas sarjetas completamente alcoolizados.

Mas esta tragédia não terá fim... o homem continuará sendo escravizado por máquinas durante muitos séculos.

Vejo que no Século XIX, esta catástrofe se espalhará por todos os rincões deste planeta. A noite já não será mais iluminada pelas velas: a luz correrá por dentro de fios . Máquinas que andam sobre trilhos levando homens e grãos se espalharam como ervas no campo. Serão inventadas outras máquinas mais velozes que nossas carruagens, que para andarem necessitarão de um líquido grosso e preto que nasce na profundeza da terra e pelo qual os homens se matarão. 

A ciência avançará a passos largos e trará tantas e tantas descobertas que o homem sentir-se-á fascinado por elas. As produções serão  cada vez mais rápidas, os inventos e aparatos modernos serão cada vez mais modernos...  haverá fascinação... haverá solidão... muitas novas doenças surgirão e matarão os homens aos milhares.

Vejo ainda, mais distante, no século XX, muitas fábricas reunidas em um mesmo local, estrangeiros instalando-se em países onde a fome imperará. As máquinas desse Século farão tudo praticamente sozinhas, aos montes, e a humanidade será corrompida pela fome do ter e do poder.

Homens, mulheres e crianças, muitas vezes separados por milhas e milhas, se comunicarão por aparelhos estranhos. O trabalho será árduo e penoso. Poucos terão poder sobre a moeda e muitos trabalharão para sobreviver e não viver! O trabalho não servirá para engrandecer. O homem quererá construir o homem. Buscará ser deus!

Nesse Século haverá um homem do bem, conhecido por Charles, que através de um invento mágico contará a todo Planeta todas essas histórias, como eram os tempos modernos, como ele intitulava.

E num tempo muito mais distante do que podemos imaginar, muito além do Século XXI, os homens andarão em máquinas voadoras, respirarão através de máscaras grosseiras e rudes, terão cópias  de si mesmos, uns serão metade máquinas metade homens, outros apenas máquinas. O homem perderá a sua essência por causa do que aconteceu nos idos de 1700. Não mais apreciarão as verdes colinas, as florestas, o pôr do sol, os frutos das árvores e a beleza dos animais. Nada disso existirá mais. O homem brutalizado e mecanizado não mais será homem, mas máquina vivendo da máquina e para a máquina.

Aqui, eu,  Morfyn Fyrddin, finalizo esta profecia. E se me perguntares se não há nada de bom a relatar, digo-lhe que sim, no meio dessa parafernália toda existem, também, muitas coisas boas... mas as profecias são sempre assim... assustadoras.

Reino de York, Inglaterra, Ano  Cristão de 926. 

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