De fato percebo a cada dia que eu sou muito mais geminiana com ascendente em libra do que imaginava.
Penso que estou me estruturando mais, me fortalecendo
mais, que a maturidade e o convívio com os anjos tem me dado mais sabedoria e
compreensão e de repente...
Uma amizade de muitos anos, com as maiores confidências
trocadas, alegrias divididas, dores compartilhadas, lágrimas
enxugadas...
Não fui amiga do “Doutor”, do “Sócrates”.
Fui amiga do “Brasileiro”, que aliás, era como eu o
chamava na maior parte das vezes.
Graças ao Dácio Campos que num aniversário da Catarina,
levou-o a tiracolo, apesar da minha contrariedade; é que pude conhecer o homem,
o poeta, o cantor.
A partir dali, foi amor eterno.
De um jeito que só nós dois sabemos.
Uma intimidade tal que me permitia falar tudo o que os
Anjos sopravam nos meus ouvidos sobre ele.
Ele me chamava de Anjo da guarda, brincava que eu tinha
que dividir tudo, que como eu não bebia, tinha que emprestar inclusive meu
fígado para ele... Isto há muitos anos, e já naquela época, quando eu insistia
que seu corpo não agüentaria os excessos, ele me incumbia de cuidar do seu
funeral, organizar os horários das “viúvas”, encomendar sua alma a
Deus.
Fui “padre” num dos seus casamentos e tinha que ouvi-lo
falar de suas saudades por horas a fio em altas horas da madrugada, quando
viajávamos juntos e por algum motivo, a “amada da vez” não tinha
ido...
Não importava hora para ele...
Ele era simplesmente atemporal, gênio,
imortal.
Infelizmente eu já sabia de sua partida precoce, até
preparava os amigos mais próximos, mesmo assim, a notícia de sua morte foi um
soco de Maguila na boa do meu estômago.
Doeu e está doendo, como eu jamais imaginei que
seria.
Sábado estávamos lá na mesma chácara do Dácio e da Adri,
das tantas cantorias e madrugadas de trancas e buracos.
Eu e o Bueno engolimos o choro ao cantarmos “Força
Estranha”, mas não demos conta da “Canção da América”.
Depois, fizemos a sua “missa de sétimo dia”,
exatamente como gostaria – demos as mãos
numa prece ecumênica, batemos palma e como não poderia deixar de ser, o
Paschoalim representou-o bem, muito mais timidamente, é claro, entoando seu
grito de guerra, que tantas vezes me matou de vergonha (inclusive brigamos em
Ilhéus por causa dele...).
... Ô P...tada!!! ...
Rimos, com certeza. E sei que ele, de onde está, riu
conosco.
Penso que a esta hora, já deve estar começando a arrancar
as barbas de São Pedro.
Doeu muito ver meu grande amigo naquele caixão. Mas
estava sereno!
Tá doendo muito ainda, mas foi uma vida tão plena, tão
cheia de paixão e intensidade, de tantas “almas gêmeas”, que o que resta dizer,
se não:
Vai, querido Amigo!
Vai balançar as redes dos campos celestes e revolucionar
a fiel torcida angélica!
Logo, logo, os anjos deixarão de tocar harpas e violinos
e entoarão “A Rita”, sob sua influência.
Estou certa disto!
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